quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Frederico participa de palestra com o economista Flávio Comim



O deputado Frederico Antunes (PP) participou hoje (23), de palestra com o economista, professor da UFRGS e PhD pela Universidade de Cambridge, Flávio Comim. Durante encontro realizado no Solar dos Câmara na Assembleia Legislativa, Flávio falou sobre a classificação do Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da Organização das Nações Unidas.

Em sua palestra, Comim refletiu sobre como os indicadores sociais interferem no desenvolvimento das nações e disse que é preciso “pensar o desenvolvimento mais qualitativamente”. Segundo ele, enquanto o século passado foi o século da quantidade – “era preciso estudar mais, independentemente da qualidade do que se aprendia, ganhar mais, independentemente da qualidade de vida que se pudesse construir” –, o século atual é o século da qualidade, desde a qualidade dos alimentos e produtos até a qualidade das relações humanas.

Responsável pela divulgação do IDH no Brasil durante cinco anos, de 2006 a 2010, período em que trabalhou no PNUD, Comim preferiu desligar-se do programa neste ano para, nas suas palavras, “ter mais liberdade de poder comentar honestamente” a sua interpretação dos dados. “Acho que tenho o dever cívico de abrir essa caixa-preta”, declarou o professor, uma vez que, segundo ele, todo dado estatístico se reveste de um significado político muito grande.

Como exemplo desse aspecto político, ele relatou a forma como os últimos dados do estudo teriam sido divulgados na mídia. Primeiro, explicou como o índice é calculado – com base em dados de saúde, educação e padrão de vida – e questionou a interpretação otimista de que o Brasil teria subido, em 2011, uma posição no ranking do IDH em relação ao ano passado. Disse que se poderia interpretar também que o país, ao invés de subir uma posição, caiu 11.

No ano passado, o Brasil ocupava a 73ª posição no ranking do IDH e hoje ocupa a 84ª posição, disse o economista. No entanto, explicou, os dois estudos não poderiam ser comparados, uma vez que a relação deste ano contém 18 países a mais. Para que a comparação fosse possível, o Programa das Nações Unidas atualizou os dados e refez os cálculos. Para o economista, porém, a ideia de que o país decaiu no ranking é mais correta e “o fato é que o Brasil continua distante – cada vez mais – da Noruega”.

Ainda segundo Comim, o IDH brasileiro tem crescido a taxas decrescentes nas últimas décadas, indo de um crescimento médio anual de 0,87% no período de 1980 a 2011 para 0,86% de 1990 a 2011 e 0,69% de 2000 a 2011. “O Brasil avança a passos lentos nas áreas de saúde e educação”, disse ele. “Os números devem servir de alerta para que o país possa se ver no mundo, sob a ótica do desenvolvimento humano, não como sua sétima economia, mas como um país que ainda deve muito aos seus cidadãos”, apontou o professor.

Respondendo a perguntas do deputado Frederico Antunes (PP), o economista falou ainda sobre programas como o Bolsa-Família, sobre o poder corporações, sobre como transformar as ideias abordadas em instrumentos de gestão, sobre a situação do Rio Grande do Sul hoje em relação aos demais estados, especialmente os do Norte e Nordeste, e sobre o acesso à educação.

Sobre os subsídios em forma de "bolsas", disse serem o reconhecimento do fracasso tanto das políticas públicas tradicionais como do mercado. Defendeu a alimentação como direito humano, mas disse ser necessário estimular o beneficiado a querer sair desse estágio. Nesse sentido, apontou que a educação das mulheres é um ponto fundamental, por serem elas que ensinam os filhos a terem determinação.

Quanto à incorporação dos indicadores humanos como instrumentos de gestão, disse que o maior desafio é tirar as pessoas da apatia e que para isso é preciso informá-las e motivá-las a participar. Avaliou que não existe uma fórmula específica e que cada sociedade deve encontrar o seu modo de encaminar a questão, mas que é preciso estabelecer prioridades e programas a longo prazo.

Em relação à situação do Rio Grande do Sul, avaliou que o estado ainda está em melhor situação do que os do Norte e Nordeste em educação, saneamento e outros aspectos, mas que precisa se preocupar com o envelhecimento da população, que terá consequências mais adiante. Ele enfatizou que a educação é o fator mais importante para o desenvolvimento e avaliou que a universalização do ensino ocorreu de forma muito rápida, sem que houvesse tempo para as escolas e a sociedade se prepararem para isso. Também defendeu uma educação mais divertida e atraente para o aluno.

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